Um alerta sobre os riscos das pragas que vêm de fora

O recente acordo do Brasil com a Índia acende um próspero sinal verde para o Comércio Exterior brasileiro, que passa a ter acesso privilegiado para negociar com a 2° maior população do mundo

 

Edivaldo Bassani (*)
 

O recente acordo do Brasil com a Índia acende um próspero sinal verde para o Comércio Exterior brasileiro, que passa a ter acesso privilegiado para negociar com a 2° maior população do mundo.

Ao mesmo tempo, aciona um sinal amarelo, de alerta para as questões fitossanitárias.

Por determinação legal, nas zonas de fronteiras, como portos e aeroportos, toda madeira bruta utilizada, como embalagens, amarrações, suportes e calços de cargas, deve ser monitorada, fiscalizada e, sempre que necessário, submetida a tratamento térmico (HT).

Regido pela Instrução Normativa nº 32, de 2015, egressa da Norma Internacional de Medida Fitossanitária – NIMF n.º 15, e a cargo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, o conjunto de medidas tem como finalidade combater a entrada e a proliferação de pragas na importação e exportação de mercadorias.

A questão não é trivial. Um estudo realizado por auditores fiscais agropecuários no porto de Santos, o maior da América Latina, apontou justamente a Índia como o País de procedência da imensa maioria de pragas interceptadas em embalagens de madeira, nas cargas ali movimentadas.

Outro dado relevante do levantamento, realizado de 2015 a 2017, e publicado na Revista Agrícola, é que 70% das pragas eram da espécie quarentenárias, ou seja, inexistente no país e de alto potencial de causar prejuízos econômicos e socioambiental.

No Brasil e no mundo, exemplos não faltam. A praga “ferrugem asiática da soja”, por exemplo, desde que se instalou por aqui, em 2001, prejudicou a nossa agroeconomia em US$ 20,8 bilhões.

Somente no Estado de São Paulo, entre 2010 e 2014, o prejuízo causado pelo ataque do percevejo-bronzeado aos plantios de eucalipto, gênero arbóreo mais plantado no País, responsável pelo abastecimento de indústrias de papel e celulose, energia, movelaria, entre outros, chega a R$ 280 milhões.

A lista da Embrapa e do MAPA enumera cerca de 700 pragas, e, entre estas, prioriza mais de vinte, dentre as da espécie quarentenárias ausentes, como as de maior risco para a agropecuária brasileira e ao Meio Ambiente.

Uma delas, praga florestal conhecida como besouro chinês, foi identificado pela fiscalização do terminal de carga do aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas, por onde passa quase 40% de toda carga aérea importada do país.

Na ocasião, meados de 2018, a madeira que embalava a carga, procedente de voo originário do aeroporto de Amsterdã, na Holanda, foi submetida à tratamento, e, em seguida, destruída.

Pragas sempre existiram e estão em evolução. No contexto de mundo globalizado, todavia, o assunto precisa galgar nova dimensão, sobretudo no Brasil, que, na esfera internacional, busca ainda alcançar protagonismo condizente com o potencial da sua economia.

(*) Edivaldo Vicente Bassani é empresário e Consultor de Empresas em Inteligência Logística

Fonte: Comex do Brasil

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