Do Vale do São Francisco (BA/PE) a Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale (Valexport) e o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina remeteram ofício no último mês ao já citado colegiado de autoridades do governo a fim de ilustrar a extensão da atuação dos Auditores Agropecuários no setor e alertar para os riscos que a continuada desvalorização desses profissionais pode acarretar.
Segundo dados da Valexport, as mangas e uvas produzidas no Vale do São Francisco, respondem por 99% do total de uvas e 93% do total de mangas exportadas pelo Brasil, totalizando US$ 473 milhões de dólares em divisas, representando aproximadamente 40% da balança comercial de exportação de frutas do país. Além disso, a fruticultura da região é responsável pela geração de mais de 240 mil empregos diretos na região e mais 950 mil indiretos, contribuindo de forma expressiva para a distribuição de renda da localidade.
Nesse contexto, as organizações destacam que tais exportações dependem diretamente dos serviços realizados pelos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, no entanto a cada ano as empresas têm enfrentado cada vez mais dificuldades ao acessar esses serviços, seja por limitações de horários ou por falta de pessoal dentro do quadro funcional do Mapa. “Esse é um fator limitante para manter e principalmente atender ao crescimento das exportações que a fruticultura desempenha em nossa região”, pontua o documento.
Cientes das negociações que têm acontecido entre o Anffa Sindical e o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) no contexto da reestruturação da carreira, as entidades ponderam que “não se pode ignorar que o não atendimento destas demandas apresentam um risco significativo à continuidade e eficácia de nossas operações de exportação, podendo afetar gravemente a economia regional e a segurança alimentar uma vez que trabalhamos com produtos perecíveis.”
Alertando ainda para a manutenção de mercados nos quais foi despendido grande esforço para a abertura de importações aos produtos brasileiros, os presidentes de ambas as organizações lembraram que “a frustração no fornecimento, seja qual for o motivo, pode significar a perda definitiva de clientes que foram conquistados e consolidados com muito esforço ao longo dos últimos anos.”
Em diálogo com a valorização dos produtos nacionais perante o mundo, a Associação Nacional dos Produtores e da Cadeia Produtiva e de Valor da Cachaça de Alambique (ANPAQ) também expediu ofício ao MGI lembrando que o setor da Cachaça, produto de Identidade Geográfica do Brasil, é de relevância estratégica para a divulgação da cultura e fomento de comércio internamente; mas, muito mais no exterior, “com objetivos de difusão de produtos de qualidade que representam o país, nosso povo, nossa história e valorizam, porque não assim dizer a Agroindústria, base da economia brasileira e nesse cenário.”
Para a ANPAQ, “não se trata apenas de promover ajustes que podem em certo momento gerar benefícios financeiros, contudo, os quais podem se desdobrar em malefícios muito maiores e de consequências bem nefastas na ponta que interessa ao setor produtivo.”
Também na área de bebidas, e sintetizando as posições já estabelecidas, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus) ponderou que “o trabalho dos Auditores Agropecuários é crucial para preservar a integridade do setor agropecuário brasileiro, que tem um impacto direto na economia nacional e no bem-estar da população.”
Finalizando as manifestações mais recentes, a Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab) também externou seu “apoio irrestrito à reestruturação remuneratória da carreira de Auditor Fiscal Federal Agropecuário”, por considerar urgente e imprescindível a adoção de medidas que corrijam a disparidade salarial entre as carreiras de auditoria e fiscalização federal.