Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 350 mil pessoas morrem por ano vítimas de intoxicação alimentar. No Brasil, parte da responsabilidade por garantir a qualidade da carne que chega à mesa do brasileiro é dos médicos veterinários auditores fiscais federais agropecuários (Affa – médico veterinário).
Estudo feito pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) mostra que em 2016 foram fiscalizados unitariamente mais de 37 milhões de suínos abatidos e mais de 24 milhões de bovinos em estabelecimentos registrados e submetidos à fiscalização pelo Serviço de Inspeção Federal. Destes, cerca de 7% apresentaram algum tipo de alteração e foram selecionados para análise mais aprofundada.
Depois da análise, verificou-se que 1,17% dos produtos tinham algum tipo de lesão ou doença grave que impediam seu consumo pela população. “Foram retirados de circulação mais de 1 bilhão de porções contaminadas ou com potencial para causar problemas sanitários em quem as consumisse. Estima-se que, se essas porções tivessem sido consumidas, poderíamos ter em torno de 10% de manifestações clínicas relacionadas a quadros de intoxicação ou toxi-infecção alimentar. Isso poderia resultar no aparecimento de algo em torno de 140 milhões de quadros com manifestação clínica de simples intoxicação ou de toxi-infecção alimentar”, explica o autor do levantamento, Ricardo Freitas, que é Affa – médico veterinário no Paraná.
Entre os problemas causados pelo consumo ou contato com essas carnes estão desde simples gastroenterites e parasitoses até o desenvolvimento de doenças ou complicações mais sérias, tais como, tuberculose, artrites, brucelose, endocardites, complicações renais e, em casos extremos, até mesmo óbitos.
Estima-se que cada pessoa consuma, por ano, 15 kg de carne suína e 27 kg de carne bovina. Cada suíno abatido produz, em média, 74,70 kg de carne para consumo, e cada bovino produz cerca de 225 kg. “Se consideramos o consumo médio e o número de possíveis intoxicações, vamos ver que caso o trabalho dos auditores não fosse eficiente, em 2016, o Brasil poderia ter tido um gasto de mais de R$ 4 bilhões em atendimento médico de pessoas infectadas”, ressalta Freitas.
Em setembro do ano passado, a Fundação Getúlio Vargas divulgou estudo elaborado a pedido do Anffa Sindical que mostrou que a atuação dos auditores fiscais federais agropecuários influi positivamente na redução de R$ 7,1 bilhões no gasto com insumos para produção, em R$ 2,9 bilhões na geração de impostos, além de gerar cerca de 2,2 milhões de empregos.
Sobre os Auditores Fiscais Federais Agropecuários
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) é a entidade representativa dos integrantes da carreira de Auditor Fiscal Federal Agropecuário. Os profissionais são engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas que exercem suas funções para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar para as famílias brasileiras. Atualmente existem 2,7 mil fiscais na ativa, que atuam nas áreas de auditoria e fiscalização, desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes, fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão, óleos, azeites, etc.), laticínios, ovos, méis e carnes. Os profissionais também estão nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados, nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do agronegócio. Do campo à mesa, dos pastos aos portos, do agronegócio para o Brasil e para o mundo.
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