Adidos agrícolas: auditores agropecuários brasileiros trabalham pelo mundo em busca de oportunidades e ampliação de mercados ao agronegócio nacional

Atualmente, 29 profissionais atuam em 27 postos. Nove deles foram selecionados no fim de outubro deste ano e começam a jornada nos destinos já no início de 2024

Foto: Divulgação MAPA

O principal parceiro comercial do Brasil segue sendo a China. Em 2022, a soma de exportações e importações entre os países atingiu US$ 150,1 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O papel dos adidos agrícolas é fundamental nesse contexto, para facilitar as negociações e projetar investimentos e empregos voltados ao agronegócio. Nove novos auditores agropecuários foram selecionados aos postos e vão começar 2024 representando o país mundo afora.

Leandro Feijó é um deles. Com 21 anos de carreira como auditor fiscal federal agropecuário, ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o médico veterinário conseguiu uma das duas vagas para Pequim, na China. Ele acredita que a nova fase é a mais desafiadora até agora. 

“Já tive a oportunidade de conhecer 53 países em missões pela carreira de auditor agropecuário. Agora, chegou o momento de representar o Brasil neste posto, auxiliando o corpo diplomático na tomada de decisões para conseguir o objetivo, seja de abrir mercado, remover alguma barreira ou intermediar a captação de investimentos ao nosso país”, comemora. 

Ao lado da esposa, que também é auditora do Mapa, e da filha de 12 anos, Feijó terá um período de até quatro anos pela frente, que também vão resultar em ganhos ao Brasil. “Meu papel será entender as demandas entre os países e captar uma base importante de informações para que o Mapa, junto com o Itamaraty, possa definir políticas comerciais e prioridades de negociações”, acrescentou Freijó.  

O servidor iniciou a carreira na área de inspeção de produtos de origem animal, como os lácteos, em seguida, atuou com microbiologia, resíduos e contaminantes até chegar à área internacional do Mapa. No setor, participou de negociações para abertura de novos negócios envolvendo situações sanitárias e fitossanitárias. Atualmente, Feijó está lotado na área de gestão de laboratórios. 

Assim como para Feijó, a língua e a cultura serão aspectos desafiadores para o médico veterinário Jean Gouhie, há quase 20 anos no cargo de auditor agropecuário. Ele ocupa uma das vagas de adido agrícola na capital chinesa. “Apesar da questão cultural, a China é onde entendi que eu seria mais útil devido ao meu histórico profissional. Eu já atuava há anos em missões internacionais com ampla pauta de tratativas com o país asiático”, contou o servidor.

Gouhie, que atualmente está na área de controle e avaliação ligada à defesa agropecuária do Mapa, já atuou na fiscalização direta de plantas abatedouros frigoríficos, realizou auditorias internacionais em sistemas sanitários de diversos países e coordenou missões internacionais de diversas autoridades sanitárias no Brasil. Tanto Gouhie quanto Feijó irão trabalhar na embaixada do Brasil em Pequim, se juntando ao corpo diplomático do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Nos Estados Unidos, a única vaga promovida pelo processo seletivo deste ano ficou com a médica veterinária Ana Lúcia Viana, há 18 anos auditora agropecuária e atualmente diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Mapa. Assim como os demais colegas, ela se prepara para começar 2024 no novo posto. Lotada na embaixada brasileira em Washington DC, capital norte-americana, a auditora acredita que será uma jornada de muita troca de experiências e cooperação entre os países. 

“Trabalhar nos Estados Unidos tem seu diferencial porque é uma grande nação formadora de opinião, está à frente de vários organismos internacionais, tem poder de decisão mundial, e é forte no agro também, tanto em importações como em exportações. Podemos aprender muito com essa troca de informações e tecnologias”, destaca. Ela conta que a irmã e os pais irão visitá-la com frequência nos próximos quatro anos, período em que estará na missão.

Por dentro da nova jornada

Os adidos agrícolas atuam na abertura, na manutenção e na ampliação de mercados para o agronegócio brasileiro.  São responsáveis por identificar oportunidades de investimentos e cooperação, mantendo relações com setores público e privado. Hoje, o Mapa possui 29 adidos agrícolas brasileiros designados junto às representações diplomáticas no exterior em 27 postos de trabalho.


Imagem: Divulgação/Mapa 

Para concorrer às vagas, o auditor deve participar de um processo seletivo promovido pelo Mapa e pelo MRE, com aplicação pela Escola Nacional de Gestão Agropecuária (Enagro). Também podem participar servidores da carreira de gestão e analista de comércio exterior do Mapa, além de funcionários públicos da Embrapa. 

“A qualificação para você se tornar um adido não é só estudar como se fosse para um concurso público. Essa qualificação você vai adquirindo ao longo da experiência na carreira”, explicou Gouhie. 

São avaliados desde o currículo profissional, até os conhecimentos específicos para a atividade, incluindo proficiência na língua do país de destino. O candidato precisa, além de redigir uma dissertação, fazer entrevistas em português e na língua estrangeira. 

Após chegar a uma lista de classificados, é feita uma lista tríplice para escolha dos nomes pelo ministro da Agricultura e, em seguida, os selecionados são designados à missão por ato do presidente da República, publicado no Diário Oficial da União (DOU). No posto de adido, o auditor passa a ter status diplomático no nível de conselheiro da carreira do Itamaraty.  

Além de Pequim (China) e Washington (EUA), os adidos selecionados para as missões vão atuar em Londres (atendendo Reino Unido e Irlanda do Norte), Cidade de Singapura (Singapura), Moscou (Rússia), Lima (Peru), Roma (Itália) e Bruxelas (Bélgica). Nas duas últimas cidades, os adidos vão atuar na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e na União Europeia, respectivamente. 
 

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